sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Estado Violência" - Titãs



Ontem estive no Hospital Wilson Rosado, já em Mossoró, de volta das férias, tentando baixar a pressão, que andava alta. Eis que na enfermaria surge um homem, dizendo que acabara de ser baleado em um assalto (a foto ao lado é meramente ilustrativa).
Eu que estava sentado, aguardando o remédio fazer efeito, comecei a ficar nervoso vendo aquele senhor falar, e vi a hora de minha pressão voltar a estourar.
O senhor, que aparentava ter os seus 55-60 anos, disse que estava na rua, em frente de sua casa, quando chegou dois indivíduos numa moto, pedindo tudo que ele tinha. Segundo a vítima, ele não esboçou nenhuma reação, e os bandidos conseguiram levar sua carteira, celular e colar de ouro. Mas antes de saírem, um deles disparou vários tiros, e um deles o atingiu abaixo da barriga.
Eu que olhava aquilo tudo de perto, confessei para a enfermeira, que voltou para medir minha pressão, que se a pressão tava quase estabilizando, agora tinha ido pro espaço. Comecei a ficar nervoso com a situação daquele senhor.
Graças a deus a minha pressão estabilizou e o senhor não sentia maiores dores. Chegou o médico de plantão, que havia me atendido, e começou a analisar o senhor. Ainda bem que ele estava ok, apenas sentia um forte ardor, uma forte queimação no local onda a bala estava alojada (quem já foi baleado diz que o queimor da bala é horrível).
Interessante que o médico disse que não poderia fazer nada, e que o hospital ideal para o atendimento dele era o Hospital Tarcisio Maia, que é um hospital público. O senhor, que estava deitado na maca perto da minha cadeira, então argumentava que tinha plano privado de saúde e que queria ser atendido ali. Mas foi em vão.
Naquele "alvoroço", foi chegando mais gente, médicos amigos da família, e ao que escutei, o médico de plantão do hospital público iria até o Hosp. Wilson Rosado. Uma coisa não normal. O outro médico disse logo que ele iria fazer um raio-x para ver aonde estava alojada a bala. Nesse intervalo de espaço a enfermeira informou ao médico a minha pressão e ele me desejou boa sorte.
Sai do hospital pensativo, meio nervoso. Não esquecia da irresignação daquele senhor, que parecia não sentir dor, mas que estava indignado pela situação, pelo fato de não ter reagido em nenhum momento, e ter quase morrido por conta de um celular e um colar de ouro.
Indignado, o senhor disse que se tivesse a oportunidade, teria reagido e matado o assaltante. Aos gritos, ele dizia que Mossoró estava entregue aos bandidos.
Um detalhe: Estou em mossoró há apenas dois dias, e encontrei uma cidade nervosa. Aonde eu vou, encontro história de assalto. No primeiro dia que cheguei, fui ao cabelereiro e ele me fala que a agência dos correios da Av. Alberto Maranhão havia sido assaltada há pouco tempo. Outra vez, em menos de uma semana.
Não esqueço a voz daquele senhor indignado. É o verdadeiro "Estado Violência".
Até quando vamos ficar agradecendo a Deus por ter sido apenas assaltado ...até quando.

Segue a música de Titãs, dica de meu amigo e professor de filosofia e sociologia, Zairo Albuquerque. Essa vai para você, meu caro.





Estado Violência
Titãs

Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que eu não queria...

Estado Violência
Estado Hipocrisia
A lei não é minha
A lei que eu não queria...

Meu corpo não é meu
Meu coração é teu
Atrás de portas frias
O homem está só...

Homem em silêncio
Homem na prisão
Homem no escuro
Futuro da nação
Homem em silêncio
Homem na prisão
Homem no escuro
Futuro da nação...

Estado Violência
Deixem-me querer
Estado Violência
Deixem-me pensar
Estado Violência
Deixem-me sentir
Estado Violência
Deixem-me em paz...(3x)

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